sábado, 20 de setembro de 2008

PRECE DE UM CÃO ABANDONADO
Sabe, senhor, ainda não entendi, viemos à praça, pensei ser um passeio, estranhei, ele não tinha esse hábito, mas fui, feliz.
Lá chegando, me deu as costas, entrou no carro e nem me disse adeus.
Olhei para os lados, nem sabia o que fazer. Ainda tentei segui-lo, quase fui atropelado.
Que teria feito eu de tão mau? À noite, quando ele chegava, abanava o rabo, feliz mesmo que ele nunca viesse no quintal me ver.
Às vezes, eu latia, mas tinha estranhos no portão, não poderia deixá-los entrar sem avisar meu dono.Quem sabe foi minha dona que mandou, devia estar dando trabalho.
Mas não as crianças, elas me adoravam. Como sinto saudades!
Puxavam-me a cauda às vezes eu ficava uma fera, mas logo éramos amigos novamente.
Creio que elas nem sabem, devem ter dito que fugi.
Estou faminto, só bebo água suja, meus pelos caíram quase todos, nossa, como estou magro!Sabe, Pai, aqui nesse canto que arrumei para passar a noite, faz muito frio, o chão está molhado.
Creio que, hoje, vou me encontrar contigo, ai no céu meu sofrimento vai terminar, mesmo em espírito vou ter permissão para ver as crianças.
Peço-vos, então, não mais por mim, mas pelos meus irmãozinhos:Mandem-lhes pessoas que deles tenha compaixão, como eu, sozinhos não viverão mais que alguns meses na terra do homem.
Amenize-lhes o frio, igual o que agora sinto, com o calor de atos de pessoas abençoadas.
Diminua-lhes a fome, tal qual a eu sinto, com o alimento do amor que me foi negado.
Mata-lhes a sede, com a água pura de seus ensinamentos transmitidos ao homem.
Elimine a dor das doenças, estripando a ignorância da terra.
Tire o sofrimento dos que estão sendo sacrificados em atos apregoados como religiosos, laboratórios e tudo mais.
Tirando das mãos humanas o gosto pelo sangue.
Ampare as cachorrinhas prenhas eu verão suas crias morrerem de fome, frio e pestes sem nada poderem fazer.
Abrande a tristeza dos que, como eu, foram abandonados, pois, entre todos os males o que mais me doeu foi esse.
Receba, pai, nesta noite gélida, a minha alma, pois não mais será meu sofrimento, mas dos que ficarem e por eles vos peço.
Nota: Ouço essa oração dos cães moribundos que vejo pelas ruas.
Fonte: Associação Protetora dos Animais São Francisco de Assis

PEDIDO DE UM CÃO

Autor: desconhecido

Não sei por que me desprezas,E procuras me maltratar,
E quando tenta gostar de mim,Acabas por me detestar.
Não o culpo totalmente,Mas também não te dou razão,Posso não ser homem,Mas me orgulho de ser Cão.
Sei que tu foste feito,A imagem de teu Senhor,Mas não esqueças que Ele,Também foi meu criador.
Aqui na terra fui posto,Para ser teu melhor amigo,Por quê agora te tornas,Meu maior inimigo?
Não peço que tu me ames,Mais que ao teu semelhante,Só peço que não me desprezes,De modo triste e humilhante.
Tu tens o Dom da Fala,Eu o Dom de Latir,E com apurados ouvidos,O mal, posso pressentir.
Posso ser teu companheiro,Posso ser um caçador,Podes me usar pra tudo,Até guarda e protetor.
Quando exausto, tu chegas,Todos podem te abandonar,Mas eu, nunca esqueço,De minha cauda abanar.
Todos os teus amigos,Te amam e te querem bem,Mas só, enquanto os amares,E lhes fizeres o bem...
Porém eu sou diferente,Só te recebo, com alegria,Mesmo quando me tratas,Com frieza e grosseria.
Quando ao deitar, pedes a Deus,Que protejas o teu Lar,E que não permitas,Que ladrão, o venha roubar.
Porém esqueces que Deus,Pode até usar um Cão, Como usou, Jesus, certa vez
A jumenta de Balão...
Por isso ,creias que Deus,Pode também me usar,Para enfrentar o malfeitor,E com minha vida, defender teu Lar.
Não tentei ser um poeta,Pois não passo de um Cão,Só desejo que me trates,Com carinho e consideração...

Eu sinceramente tenho vergonha desse mundo em que vivemos...
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